sábado, 4 de outubro de 2008

A nossa sala de aula no Jornal Expresso - 4 de Outubro de 2008


















O Jornal Expresso fez uma reportagem na nossa sala de aula. E do que viu e ouviu, a jornalista Carla Tomás, escreveu esta notícia. Na página 20, no sector Educação.




EducaçãoTempos modernos O velho quadro de ardósia está a ser substituído por quadros interactivos O fim do giz e das ardósias

Na sala 6 da EB1 dos Caliços, em Albufeira, o quadro interactivo substituiu há três anos a ardósia e os manuais escolares já não são precisos
Todos querem ir ao quadro. O burburinho na sala aumenta com meia dúzia de meninas e meninos de braço no ar a pedir para serem eles a responder à pergunta do professor. Noutros tempos não era assim. Mas para estes alunos do 3º ano da escola básica do 1º ciclo dos Caliços, em Albufeira, ir ao quadro é entrar no jogo. É que não se trata de uma qualquer ardósia. Aqui, o quadro onde é exposta a matéria e os exercícios da aula é interactivo: os textos do programa curricular são lidos por vozes de bonecos animados e os exercícios têm cor, som e correcção imediata. A tecnologia consiste na ligação entre três elementos: um PC, um projector que mostra a imagem no quadro, e o «display» sensível ao toque onde se pode escrever com uma caneta electrónica, salvar, apagar e partilhar a informação.
Por isso, não é de estranhar que os petizes digam que preferem o quadro interactivo (QI) em detrimento do velho quadro, que na sala serve apenas de expositor da tabuada. É que o interactivo “é mais giro” e “tem jogos”.
“Esta é uma forma lúdica de aprender, mas eles sabem que o QI e os computadores não servem só para a brincadeira”, afirma o professor Vasco Sousa. Docente há cerca de 30 anos, agarrou no projecto Pitágoras, lançado há dois anos pela Câmara de Albufeira e ficou com uma das quatro salas interactivas do primeiro ciclo do município.
Nestas salas existe um computador para cada dois alunos. Quando um escreve no teclado, o outro escreve no caderno. E vão trocando. “Treinam na mesma a caligrafia e não existe corrector de «word» no computador”, sublinha Vasco Sousa. Certo é que todos levam para casa, além do caderno, a matéria impressa e podem entrar em contacto com o professor por e-mail a partir de casa. Estes meninos ainda não têm o ‘Magalhães’, nem sabem quando o terão, mas usam os computadores dos pais ou dos irmãos em casa.
A particularidade desta turma, é que as crianças aprenderam a trabalhar e a estudar com as novas tecnologias desde que entraram para a escola, aos 5-6 anos. E não usam manuais escolares em papel. A matéria curricular exposta na aula é a da ‘Escola Virtual’ da Porto Editora. Esta plataforma de «e-learning», cujos conteúdos (do 1º ao 12º anos) estão aprovados pelo Ministério da Educação, é pioneira em Portugal e começou a ser testada em 2005. Hoje “é utilizada por cerca de 50 mil alunos na escola ou em casa, como complemento dos manuais escolares”, informa Paulo Gonçalves da Porto Editora.
Segundo o professor Vasco, a escola paga cerca de €30 anuais para aceder a estes conteúdos «online». Assim, só têm de comprar os livros do Plano Nacional de Leitura. Para os pais esta é “uma óptima solução já que não gastam dinheiro em manuais”, diz a mãe de Rafael. Porém, há um senão, segundo Maria Lima: “Quando o meu filho e os outros forem para o 5º ano, vão confrontar-se com uma realidade bem diferente, com manuais em papel e não terão computadores na sala de aula”.
Vasco Sousa reconhece estes receios, mas mantém-se um defensor da utilização generalizada das novas tecnologias na escola e até advoga que para o ano “os alunos andem com uma «pen» no bolso, o que poupa papel e é bom para o ambiente,” e que possam fazer «online» os exames de aferição do 4º ano.
Porém, na mesma escola, as opiniões dividem-se. Para o coordenador Celestino Biscainho “o uso do programa da Escola Virtual e o QI devem ser usados só como complemento: “Não quero que os meus alunos sejam alunos de «power-point»”.
A ideia é partilhada por Idalina Santos, uma professora de matemática do secundário, que fez em 2006 uma tese de mestrado sobre a introdução das tecnologias na escola, com base num estudo de caso na secundária dos Carvalhos, em Gaia. “O quadro interactivo e a Escola Virtual não fazem milagres (em relação a um aumento de boas notas)”, diz. E, acrescenta: “tem de ser visto como uma ferramenta complementar, que não tira o lugar ao caderno nem ao lápis”. “Além dos conhecimentos específicos da disciplina, os alunos adquirem competências transversais, como o uso do e-mail, a participação em fóruns ou o trabalho em grupo”, conclui.

Texto de Carla TomásFoto de Tiago Miranda

1 comentário:

Unknown disse...

hehehe, olha o vovo vasco!!
um abraço, ricardo junior